domingo, 21 de dezembro de 2008

Be sure to wear some flowers in your hair

... (em San Francisco)
"Haight-Ashbury Flower Power Walking Tour".
Ebá!
Reserva pela internet, paga, encontra "o guia" na esquina da Waller com a Stanyan e sebo nas canelas...
14h.
Ninguém!
Esquina errada? Não, tá certo. Caí no golpe? Não, lá vem a guia!
(cultural shock: pontualidade é coisa de inglês!)


"Hey, maaaan, we'll walk'n roll today, oookkkk?"

Pé machucado, disposição à mil.
O "walking tour" foi "walking and rolling" mesmo! Ela sentada, o cachorro no colo, o amigo - hippie também - empurrando, e as histórias fluíndo...

"They say we don't work. That ain't fair, maaan. We do, we work hard! The only thing is that we work for the next rock concert..."
(eu gosto dela!)

If you are going to San Francisco...

Tirei férias da Europa! (tááá, bééém)
Tô na América, ó américa! Tô mais ao norte, porém. Bem pra lá da Bahia*.

* Explicando a piada.com.br: pra brasileiro, inglaterra = londres, york = nova york; pra paulistano, Bahia = "Norte". Não? pra alguns, pra alguns...

Tô na BAIA de São Francisco (hã?), com some flowers in my hair!! Nessa terra eu não sou doll, darling ou sweetie, "I'm cool".
Um pouco mais de cultural shock pra moça!, de resto tá tudo bem.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

The red house II

A minha casa é muito engraçada. Não tem chão (ninguém podia entrar nela não...), tem carpete. Carpete até no chão do banheiro! Não tem tanque na lavanderia, só máquina de lavar e secar. E se quiser usar o varal; o varal fica dentro da casa, em cima do carpete!

"We are not a community", mas aqui tem um curdo que adora conversar. Nos encontramos poucas vezes (3 vezes em 3 meses), mas já percebi que ele gosta mais de falar do que ouvir. Não sei porquê, quem sai com a sensação de que falou demais, sou eu.

(Na cozinha. Eu chegando em casa, ele fazendo um chá.)

_"Hi"
_"Are you coming from the University?"
_"NO! It is midnight! I'm coming from the Christmas party"
_"Ah, ok!...Sometimes I go to my department at 1am"(mestrado em física quântica)
_"Oh, wow..."
...
_"The other day I was stoped by two policeman. They wanted to charge me £30 for not using the proper lights on the bicycle"
_"Really? Oh, that is bad. were you afraid?"
_"Afraid??? No, I just didn't want to pay £30"
_"I'd be really afraid..."
_"Well, in my country, we are used to more dangerous things, so..."
(Hã? Quem falou em medo?)

Um longo (e bem interessante) discurso sobre tanques de guerras iraquianos se iniciou!!! Com direito a fuga pelas montanhas e tudo.

Tá, já entendi, curdo tem medo de iraquiano.
Brasileiro tem medo de polícia, ué.
De resto, tá tudo bem...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Abaixo a ditadura da magrela!

Eu caio da bici principalmente (2 de 3 vezes) quando tem neve no chão.
Malandra carioca que sou, passei a pegar ônibus em dias de neve.

Há quem diga que o trabalho do cobrador de ônibus é simplório e mecânico, facilmente programável em C++. Mas isso é coisa de terceiro mundo (hmmm, tá). Aqui, béééém, só um computador quântico...

O ônibus pára, as pessoas entram (ônibus longo, sanfonado, tipo canudinho). O motorista fica numa cabine só dele, incomunicável. O cobrador fica em pé, observando as pessoas que entram. Elas escolhem seus lugares, uma ali, outra acolá, umas sentadas, outras em pé; ele as segue com o olhar.
O ônibus vai pra frente e o cobrador vai pra trás, cobrando cada uma daquelas pessoas. Ele pergunta pra onde elas vão e dependendo do lugar é um preço. Ele carrega uma maquininha e uma pochete cheia de moedas. Vai pra lá e vai pra cá.
O ônibus pára de novo e se, por sorte, ele já terminou de cobrar aquelas, agora ele deve apreender apenas os novos rostos. Se não, vai ter que lembrar quem pagou e quem não pagou da remessa anterior e mais os novos. E por aí vai...

Tudo isso sem cair, sem errar, sem esquecer. São mnemonistas! E são equilibristas!
Deve ser por isso que o ônibus aqui é tão caro (£2,50 só a ida; £3,50 ida e volta), esses caras devem ganhar uma fortuna!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Presente de grego

Hoje morreu o HM.
O HM é um amigo das aulas, dos estudos e da vida. Um caso famoso de livro, um personagem importante da história do estudo sobre a memória.
Lá pra 1950 ele ganhou um presente.
Uma cirurgia, "a cura" da sua epilepsia.
Daí por diante foi "só presente"!
O presente em que ele ficou preso, mas também o presente que ele nos deu.
Ficou amnésico, preso no hoje daquela época.
E, vivendo até hoje, nos ensinou!...

Acho que é feio dizer, mas me pergunto se a morte foi também um presente.
Um presente que o libertou desse eterno presente.
Talvez não.
Acho incrível saber que ele nunca será esquecido!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Agora virou moda

"Hello, doll"
"How are you, honey?"
"Oh, lovely!"

Eles são muito educados, é fato!
Uns amores.

Mas a verdade é que, somente UM em dez ingleses pergunta se você está bem quando cai da bicicleta. Até agora a minha amostra só tem dez pessoas (n=10), mas eu acho bem significativo (p<.0001).

Primeiro eu caí de madura!, mas ninguém me olhou (n=3). Depois eu quis ser gentil e brecar para o carro de milicos atravessar (no caminho para a Uni tem um, um..., um posto militar?). Brequei, voei no chão. Os milicos atravessaram (n=2) e, nem mesmo o fulano que fica ali na esquina com uma metralhadora na mão, fez menção de ajudar (n=1). Talvez ele só possa sair dali em caso de guerra, sei lá.

Na terceira vez, escorreguei na curva. Sentada, no chão, ninguém me olhou (n=3), foi só quando eu estava limpando a neve do joelho (levanta, sacode a poeira e dá a volta por ciiiima) que um senhorzinho perguntou: are you alright, darling?

"Yes, thank you"
Um amor.

Eu não gosto de cair da bici, mas de resto, tá tudo bem :).

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

S.A.D.

(Não, eu não tô triste)
Um dia, do nada, eu não consegui levantar. As pernas não se mexiam (mexeriam se eu quisesse fazer o esforço necessário para isso, mas era muuuuito esforço). Umas 15horas depois, levantei para comer, tentei trabalhar um pouco, deu sono, voltei a dormir. E assim foi, por quase três dias. Padrão de sono de um bebê. Não saí de casa e só levantei para fazer o que todo mundo faz: banheiro, comida e e-mails.

(Será que eu tô deprimida? Mas eu não me sinto triste... )
(Será que foi o filme? Mas eu nem entendi o filme... Dica: não tente assistir Brokeback Mountain sem legendas)
(Tô começando a ficar triste...)

O Dr. Google fez o diagnóstico, a wikipedia confirmou: SAD, seasonal affective disorder! Dá sono, dá fome (mais específicamente chocolate craving), dá moleza e etc! Aparentemente o problema não é o frio, mas a falta de luz solar (tem amanhecido às 8h e escurecido às 16h).

É coisa do hipotálamo, não é? juro que não foi preguiça.

Outro dia acordei com dor nas costas, me peguei lendo sobre "winter back pain". Acho que eu tô com "winter hypochondria". De resto, tá tudo bem :).

sábado, 29 de novembro de 2008

Queen

Sem carro, longe de tudo, como ela faz?
1. York é pequena, nada é assim tão longe
2. I'll leave the answer to "the queen"

Carne de mince

Sem carro e longe do supermercado, como é que eu faço uma compra "daquelas"? Nem vem mandar pegar um taxi ou um ônibus, porque não é essa a questão. A questão é a quantidade de mãos que eu tenho e a quantidade de eco bags que eu teria que levar (tô super eco-friendly).

(Ah, queria um carrinho de feira)
(...)
(Tem aquela mala de rodinha ali)
(...)
(Vai tu mesmo)

Desce a ladeira - meia hora até o super -, toda feliz arrastando a mala, leve, quase voando e a rodinha cantando.

No super:
(Onde é que eu vou deixar isso aqui?)
(...)
(ai, que idéia, e agora?)
(...)
(vou ver com o segurança)

- "Excuse me, sir? Could I leave this with you?"
- "hmmmm"
- "I'll use it to take things back home"
- "Ah, ok, leave it here. Hmmmm....But.... You are aware you can't take meat and other things with you, right?"
(O QUE? será que eu entendi? como assim? por que? por que é que vende?)
- "Oh, really? I was not aware of this (mas vou comprar e não tô nem aí)...May I ask you why?"
- "It is a rule, the law, you can't!"
(O QUE? um episódio de cultural shock acontecendo bem na minha frente?)
- "Ah, ok, thanks for letting me know"

(tô longe, tô nas carnes)
- "Hey, miss, you'll see a lot of signs at the airport showing what you can and can't take with you"

Hã? The airport?
(Ah, tá com medo que eu leve carne de mince pro Brasil, né)

Tô pensando em virar vegetariana!

Lamb meat, pork meat, mince meat.
(sem olhar no google)
Você não tem dó desses bichinhos? Pobre carneirinho. Pobre porquinho rosado. Pobre mince, tão fofinho... Deve ser fofinho, né? O mince. Deve ser da Irlanda. Será que eles criam? Será que eles caçam? Pobre mince, nunca vi, vou comer...

Tá, agora vai, vai lá no google!
Mince não é um bichinho!

Pô.

Um iraniano (?)

Primeiro encontro na cozinha:

- "So, Brazil?"
- "Yes. Iran, right?"
- "hmmm, well, actually Iraq"
- "So, Iraq?"
- "hmmm, yes, It is part of Iraq..."

Arabia-Iraque-Irã é quase tudo o que eu sei do Oriente Médio! E, 'part of Iraq' pra mim é Bagdad, Sadam e bombas. Sorry, burra, burra...

Segundo encontro na cozinha:

- "Does it snow in Iraq?"
- "It gets very cold in *****, my country"
(Ô, caramba!, what the hell é *****?)
- "Oh, sorry, I thought you were from Iraq"
- "hmmm, well, my country is in Iraq, Iran, Turkey and others"
- "Ã-hã"


Eu percebi que "aí, tinha", tava me cheirando a história, geo-política e essas coisas que me deixavam de recuperação na escola.

Na wikipedia:
***** = Curdistão, em inglês, com sotaque curdo! (e ele mora na Região Autônoma do Curdistão no Iraque)

Pô!

The Red House

Eu moro numa casa muito engraçada. Na rua dos bobos, número zero. É longe do trabalho, da cidade e do supermercado e não tem número, tem nome: "The Red House".

A casa é linda, grande, enorme - mas ninguém usa as áreas comuns, só a cozinha. "We are not a community", disse o dono da casa no dia da entrevista. "Entãããão, tá bom", disse eu.

Cada um no seu quadrado e o quadrado de cada um é bem bonito e legal, então é isso aí (porque ela é feita com muito esmero...). O meu "quadrado" é enorme e tem um banheiro só pra mim :).

Moram aqui também, o dono que é alemão, uma belga e um iraniano (?)